Secretário de governo do Estado de São Paulo disse ainda que a proposta de tributar dividendos poderia provocar tumulto à vida dos empresários e aumentaria a interferência da Receita Federal nas empresas
O secretário de governo do Estado de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), afirmou que a realização de uma reforma tributária sem que haja uma reforma administrativa poderá impactar negativamente a carga de tributos.
“Seria mais inteligente fazer a reforma tributária sabendo como será a reforma administrativa ou junto com a reforma administrativa. Você tem de saber o custo Brasil para definir o que você vai arrecadar”, afirmou Kassab em entrevista coletiva após participar de café da manhã com empresários promovido em São Paulo pelo Grupo Voto.
Durante a conversa com os empresários, Kassab foi mais contundente, afirmando que promover a tributária sem a reforma administrativa “será um projeto para aumentar a carga” .
“Sou radicalmente contra a discussão de qualquer uma das propostas de reforma tributária sem deixar claro na mesa quais são as propostas para a reforma administrativa”, afirmou.
Durante o evento, Kassab disse também que todas as propostas em tramitação no Congresso têm aspectos positivos e citou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45, de autoria do atual secretário especial para a reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy.
Ele mencionou ainda o projeto sobre Imposto de Renda do ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Guedes, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Indagado, durante a coletiva, sobre o fato de o ministro da Fazenda Fernando Haddad já ter sinalizado prazo para o encaminhamento de reforma administrativa, Kassab disse que “o PT tem dificuldade com a reforma administrativa, né? A verdade é essa” .
Indagado sobre a proposta de tributar dividendos, disse que a medida provocaria tumulto à vida dos empresários e aumentaria a interferência da Receita Federal nas empresas. Sobre declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Haddad sobre uma revisão da autonomia do Banco Central, Kassab diz que vê as declarações “com naturalidade” .
“Eles nunca esconderam que são contra. Então, eu entendo que isso tem de ser conduzido com muito cuidado, porque o governo acabou de ser eleito e a vítima será o próprio governo se não houver uma discussão sobre a condução [do tema]” .
Kassab afirmou que seu partido, o PSD, do qual é presidente nacional, apoia o governo federal. Entretanto, não votará a favor de medidas que venham a gerar problemas na área econômica e que possam afastar investimentos. “Seria suicídio o governo mexer em marco regulatório, mexer no saneamento.
São pilares que viabilizaram investimentos no Brasil e nosso partido será contra qualquer mudança nesses pilares”, afirmou aos empresários. Kassab também defendeu a legislação do teto de gastos.
“Sou a favor da lei do teto e entendo que ela vem funcionando bem. O próprio [ex-ministro da Fazenda no governo Michel Temer (MDB), Henrique] Meirelles, que é o pai da ideia, já admite algumas excepcionalidades. Mas reforma fiscal, para mim, é trabalhar para melhorar a lei do teto.”