O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse, nesta quarta-feira (4), que a reforma tributária e a reindustrialização do país são fundamentais para a retomada do desenvolvimento do país.
As falas aconteceram durante a cerimônia em que tomou posse como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A cerimônia ocorreu no Palácio do Planalto e contou com a presença do presidente LuizInácio Lula da Silva (PT), empossado há quatro dias.
Embora Lula tenha declarado, em novembro, que o ex-governador de São Paulo não disputaria vaga de ministro por ser vice-presidente (eleito), Alckmin acumulará as duas funções a partir de janeiro.
“A reindustrialização é essencial para que possamos retomar o o desenvolvimento sustentável e que essa retomada ocorra sobre prisma o da justiça social”, disse o vice-presidente e ministro durante a cerimônia.
Em outro momento, o vice-presidente também defendeu a realização da reforma tributária —a qual classificou como fundamental— para atingir o desenvolvimento e para conseguir avançar uma política industrial contemporânea.
Após o evento, o vice-presidente afirmou que a discussão referente à reforma tributária está “bastante madura”.
“Quem estabelece a data é o parlamento, por ser uma PEC. Mas eu diria que ela está bastante madura”, afirmou Geraldo Alckmin, que foi questionado na sequência se estaria madura para 2023 e novamente respondeu afirmativamente.
Alckmin citou ainda as duas propostas de reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional, argumentando que elas já foram bastante discutidas, não apenas no parlamento mas também com a sociedade civil. Disse que o debate “já andou bastante”.
“Agora vamos discutir internamente qual o melhor caminho para poder complementá-lo. O ministro Fernando Haddad já destacou que é prioridade da área econômica. E ela pode, a reforma tributária, fazer o PIB crescer, dar mais eficiência econômica, ajuda a reduzir o custo Brasil, porque simplifica os impostos. O mundo inteiro tem imposto agregado, mas nós temos uma infinidade de impostos”, completou.
O vice-presidente também afirmou que ainda não discutiu em detalhes uma possível reforma da TJTLP, a taxa de financiamento de longo prazo. Acrescentou que a agenda de competitividade não é composta por um único item, mas que é importante criar condições para reduzir a taxa de juros.
Depois, em conversa com jornalistas, Alckmin disse que haverá um esforço para reduzir o prazo de patentes e marcas, sem entrar em detalhes. “Um prazo menor, isso vai atrair muito investimento na área de pesquisa e desenvolvimento”, disse.
Alckmin também prometeu que sua pasta vai dar importância para questões relacionadas a desenvolvimento sustentável. Afirmou que o MDIC vai contar com uma Secretaria de Economia Verde, argumentando, entre outros pontos, que o Brasil precisa “estar em sintonia com as necessidades da comunidade internacional”.
Afirmou que o cuidado com o meio ambiente será importante internamente, para abrir oportunidades, mas também citou que pode assim evitar resistências na Europa à entrada dos produtos brasileiros, citando que muitas vezes a questão do desmatamento é usada para mascarar o protecionismo, em particular de países europeus.
Com Alckmin na pasta, o PSB acumula três ministérios: Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Justiça e Segurança Pública; e Portos e Aeroportos.
O vice-presidente assumiu um papel de liderança, ao coordenar o gabinete de transição do então governo eleito.
Na ocasião, Lula disse que ele foi escolhido como coordenador, porque “ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente da República”.
Depois, seu nome ganhou força para a pasta diante da dificuldade de Lula em encontrar um titular, ao ouvir a recusa de empresários para o posto. Josué Gomes da Silva, da Coteminas, e Pedro Wongtschowski, do grupo Ultra, declinaram do convite.
Para aliados de Alckmin e Lula, o poder delegado ao ex-tucano neste momento indicou que ele poderá ter papel-chave e virar um braço direito do presidente eleito a partir de 1º de janeiro de 2023, dividindo funções de coordenação e negociação no governo.
Fica claro, com as funções que tem exercido, que ele tentará se descolar do figurino de vice decorativo que coube aos antecessores Michel Temer (MDB) e HamiltonMourão (Republicanos).
Como integrante da equipe econômica de Lula, Alckmin terá que equilibrar-se entre fazer a articulação com o setor produtivo e substituir o mandatário —o que deve ocorrer com frequência dada a expectativa de que o petista se dedique a estreitar relações com governos estrangeiros.
Mais do que vice e ministro, Alckmin também é um dos cotados para a disputa presidencial de 2026, já que Lula declara não pretender concorrer à reeleição.
É justamente na equipe econômica que também atuarão seus adversários nessa seara: Fernando Haddad (PT), futuro ministro da Fazenda, e Simone Tebet (MDB), futura ministra do Planejamento.
Na campanha, Alckmin foi a versão encarnada de uma nova carta ao povo brasileiro. Tornou-se o primeiro sinal de que Lula mirava além do PT para voltar ao Planalto efoi fiador de uma frente ampla que compartilha a avaliação de que Bolsonaro representa um risco à democracia.
Desde que entrou para o time de Lula, Alckmin manteve seu estilo discreto. Uma hora antes de ser anunciado ministro, questionado por jornalistas sobre o posto, balançou a cabeça sem dizer que sim ou que não.