Presidente pressiona para tirar policiais da regra de congelamento de salários do funcionalismo público prevista na proposta
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) Emergencial, deputado Daniel Freitas (PSL-SC), saíram de uma reunião com os líderes partidários alinhados ao governo na manhã desta terça-feira direto para um encontro com o presidente Jair Bolsonaro, que pressiona para excluir os policiais do congelamento de salários determinado pelo projeto.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou da reunião e alertou que a mudança fará com que seja “impossível segurar juros e inflação”. Seria, segundo relato de deputados presentes no encontro, uma mostra de mais flexibilização sobre o texto – já desidratado da maioria das medidas de corte de gastos propostas inicialmente, parte delas por causa do próprio Bolsonaro – e de falta de compromisso do governo com as reformas econômicas.
Bolsonaro defende suprimir três artigos do texto: a proibição a progressões e promoções automáticas na carreira dos servidores públicos enquanto o governo estiver com a maior parte de suas receitas (95%) comprometidas com gastos obrigatórios; o congelamento de salários dos policiais; e a exigência de que ele terá que enviar um plano para redução dos incentivos tributários e benefícios fiscais para o Congresso até seis meses após a promulgação da PEC.
“O presidente mais uma vez está jogando contra o próprio governo”, lamentou um dos líderes, sob anonimato. Segundo esse líder, embora concordem que Bolsonaro erra nesse movimento, o líder do PSL, deputado major Vitor Hugo (GO), e o relator defendem adotar a posição do presidente na votação no plenário da Câmara, marcada para esta semana.
Mais cedo, o presidente da bancada da bala, deputado capitão Augusto (PL-SP), afirmou ao Valor que a pressão das categorias policiais não é sobre os líderes, mas sobre o próprio presidente, porque depende dele a decisão de excluir ou não os policiais. “O relator a gente não tem que estar convencendo, a gente tem que convencer é o presidente”, disse.
Apesar da vontade dos parlamentares de ampliar a margem para pagamento do auxílio emergencial fora das regras fiscais, na PEC limitada a R$ 44 bilhões, os líderes governistas concordaram com a sugestão de Campos Neto de que isso levaria a uma piora dos indicadores econômicos e decidiram manter inalterado o texto já aprovado pelo Senado.
Fonte: Valor Econômico